Perguntar e ser curioso é parte integrante da experiência humana?
Sim, entre os dois e os cinco anos de idade as crianças fazem cerca de 40 mil perguntas, mas à medida que vão crescendo, as perguntas têm tendência a diminuir.
Porquê? Quais são as consequências dessa diminuição?
Todo o conhecimento produz-se a partir de uma curiosidade ou de uma pergunta. É a vontade de descobrir que nos leva à resposta, ao conhecimento. As crianças ao mesmo tempo que vão explorando e aprendendo aumentam a vontade de continuar a descobrir, a aprender, a obter conhecimento sobre os mais variados temas, sobre as mais pequenas situações e acontecimentos.
Assim que entram na escola vão deixando de conseguir fazer tantas perguntas porque devido ao cumprimento do currículo e consequentemente à falta de tempo, deixam de “ter autorização” para querer saber sobre qualquer assunto.
Existe também outro obstáculo que impede as crianças/jovens adultos de querer continuar a questionar – o medo. O medo de se sentirem vulneráveis, o medo de que os outros pensem que não sabem nada, ou o medo de que pensem que são os “nerds” da sala de aula, faz com que reprimam as suas perguntas.
Em consequência limitam-se ao conhecimento que é simplesmente transmitido na sala de aula pelo professor e deixam de parte a descoberta de algo que realmente têm vontade de conhecer, tornando-se adultos incompletos ou insatisfeitos.
É importante que as perguntas não sejam apenas feitas quando temos dois ou cinco anos, é fundamental que ao longo de toda a nossa vida tenhamos vontade de saber, de explorar… A curiosidade é essencial para a evolução de todo o conhecimento!
De que forma pais e professores podem ajudar os estudantes e qualquer jovem a questionar ao longo do seu percurso académico e da sua vida?
– Ajude a torná-los seguros. Mostre que perguntar não é uma fraqueza e que todas as perguntas podem ser feitas.
– Faça das perguntas algo divertido, como por exemplo um jogo de caça ao tesouro onde tenham que realizar o papel de detetives, ou quebra-cabeças.
– Prove que questionar o que está à sua volta é recompensador, que é a partir dessas questões que irão descobrir algo do seu interesse.
Boas ferramentas para o estímulo da curiosidade no ensino são a adoção de atividades de investigação. Estas oferecem a possibilidade de utilização de meios diferentes (como a tecnologia) e introduzem novidade na rotina a que estão habituados na sala de aula, originando surpresa nos alunos. Além disso incentiva a novas questões e à criação de hipóteses, diferente do padrão de perguntas e respostas fechadas.
“A curiosidade, instinto de complexidade infinita, leva por um lado a escutar atrás das portas e por outro a descobrir a América.” (Eça de Queirós)